quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Histórias que os ovos contam

Um estudo realizado por investigadores do Instituto Max Planck utilizou a técnica de espectroscopia de massa de isótopos estáveis para identificar a estratégia utilizada pelas aves migratórias na produção de ovos: utilização de reservas adquiridas durante a viagem, em locais de paragem, ou utilização directa de nutrientes existentes no próprio local de nidificação.

A figura seguinte é uma fotografia de um pilritos-de-colete (Calidris melanotos), a espécie de ave alvo do estudo, publicado pela revista Journal of Avian Biology em Setembro de 2010 (Crédito fotográfico: Andreas Trepte/Wikipédia).


O estudo leva á conclusão de que a estratégia depende da distância percorrida pelas aves durante a migração. As aves migratórias que percorrem uma distância menor para chegar ao local de nidificação utilizam na produção dos ovos as reservas alimentares adquiridas durante a viagem, enquanto as aves que percorrem uma distância maior utilizam para a produção dos ovos nutrientes obtidos no local de nidificação.

A figura em baixo é o esquema de um ovo de ave. O saco vitalino contem os nutrientes que alimentam a cria enquanto se desenvolve dentro do ovo.


O grupo de investigadores estudou um bando de pilritos-de-colete (C. melanotos), aves migratórias que nidificam na tundra, mas vivem o Inverno mais a Sul, na América do Sul, na Ásia ou até na Austrália. Em locais de nidificação situados no Alasca os investigadores recolheram amostras de sangue, penas e garras (das patas) de pilritos-de-colete fêmeas e dos seus filhotes acabados de nascer. Recolheram também amostras dos locais de nidificação e dos locais de paragem durante a migração das pilritos-de-colete.

Figura de uma cria de pilrito-de-colete (C. melanotos) (Crédito fotográfico: Piedmont Fossil/Flickr).


Os investigadores utilizam a técnica de espectroscopia de massa de isótopos estáveis (de hidrogénio e de carbono 13 ou 13C) para comparar as amostras recolhidas das pilritos-de-colete com as amostras recolhidas dos locais. A constituição de isótopos de um elemento químico numa amostra depende do local onde esta é recolhida. Esta variação é suficiente para poder identificar a origem de uma amostra (ver aqui).

Fotografia de um pilritos-de-colete (C. melanotos), (Crédito fotográfico: Wolfgang Forstmeier).

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