quarta-feira, 28 de julho de 2010

Terraços fresquinhos

Um estudo feito por investigadores do Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley e da NASA revela que a utilização de materiais mais claros em coberturas de edifícios e pavimentos diminui a energia emitida para o exterior como calor, reduzindo a temperatura média ambiente. Os resultados foram publicados na revista Environmental Research Letters.

Segundo este estudo a utilização de cores claras em edifícios e pavimentos de cidades do hemisfério norte com mais de 1 milhão de habitantes poderá corresponder a uma diminuição de emissão de CO2 (dióxido de carbono) em 57 biliões de toneladas métricas.


A figura em cima apresenta duas fotografias do mesmo local, em luz visível (canto superior esquerdo) e em infravermelho. Comparando-se as duas confirma-se que o pavimento escuro da estrada tem uma temperatura superior do que o pavimento mais claro. (Credito fotográfico: ASU National Center of Excellence for SMART Innovations)

A utilização de cores claras aumenta o albedo (capacidade de reflexão) de uma superfície, como é o caso de telhados, terraços, paredes e pavimentos. Uma superfície branca tem o valor máximo de albedo, 1,0 porque reflecte toda a luz. Uma superfície preta absorve toda a luz e tem um albedo nulo. Quanto maior o valor de albedo de uma superfície, menor a capacidade de retenção de energia como calor pela superfície, ou seja, menor a temperatura junto à superfície.


A superfície de um telhado preto (à esquerda) aquece até 43 ºC acima da temperatura do ar, enquanto a superfície de um telhado branco (à direita) aquece apenas 7 ºC. Além disso, com um telhado preto, existe um maior fluxo de calor, tanto para a atmosfera como para o interior dos edifício (o comprimento da seta é proporcional ao fluxo de calor).

Em média as cidades norte-americanas apresentam albedos que variam entre 0,09 e 0,27. O estudo publicado pela Environmental Research Letters revela que um aumento médio de albedo de 0,003 provoca uma diminuição de 0,008 ºC da superfície. O estudo foi feito recorrendo a um modelo gerado por computador da NASA, chamado Catchment Land Surface Model. Este modelo tem em consideração a topografia, temperatura média e formação de nuvens.

O aumento de albedo das superfícies de uma grande cidade também reduz o efeito de ilha de calor urbano. As cidades, principalmente as mais populosas e que ocupam grandes áreas, apresentam uma temperatura média superior à temperatura média de áreas não urbanas em seu redor. O calor emitido pelas cidades para a atmosfera devido a este efeito pode ficar sequestrado nas nuvens mais próximas (o vapor de água, principal constituinte das nuvens, tem um elevado efeito de estufa).

A diminuição da temperatura de uma superfície como um telhado ou terraço de um edifício leva também a uma menor temperatura média no seu interior. Assim edifícios com superfícies exteriores claras não vão depender tanto do funcionamento de aparelhos de ar condicionado. Desta forma as superfícies claras de edifícios contribuem directamente para a diminuição de emissão de dióxido de carbono.

Sites consultados:

http://newscenter.lbl.gov/news-releases/2010/07/19/cool-roofs-offset-carbon-dioxide-emissions/
http://www.infopedia.pt/$albedo

Na internet é também possível encontrar estudos sobre as ilhas de calor urbano em Lisboa, como este, de onde foi retirado o gráfico em baixo, que apresenta as variações em relação à temperatura média de Lisboa obtidos em noites com vento moderado de norte (a velocidade e direcção do vento é um factor muito importante neste caso). A mancha azul no centro à esquerda corresponde ao Parque de Monsanto, demonstrando a importância de manchas verdes para a diminuição da temperatura média da cidade.

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