sábado, 13 de fevereiro de 2010

Quanto mais quente, melhor!

A salgueirinha ou erva-carapau (Lythrum salicaria) é uma planta perene (com um ciclo de vida superior a 2 anos) originária da Euroásia. Em Portugal é possível encontra-la em zonas húmidas e nas margens de lagos e rios. As suas flores de cor rosa-púrpura, que aparecem no Verão, e a sua fácil manutenção tornaram a salgueirinha muito popular como planta ornamental. Também pode ser utilizada como erva medicinal, nomeadamente no tratamento de diarreia.

A salgueirinha foi introduzida nos Estados Unidos no início do século XIX e é actualmente considerada como uma das plantas invasoras mais prejudiciais no pais. Um estudo realizado recentemente por investigadores da Universidade de Harvard parece indicar que a salgueirinha e outras plantas invasoras existentes na região de Concord, no estado de Massachusetts, poderão estar a adaptar-se mais facilmente às alterações climáticas que as espécies nativas.

Uma planta invasora pode ter um impacto negativo muito forte nos ecossistemas, em especial na sua biodiversidade. Estas plantas competem directamente pelo espaço com as plantas nativas, podendo levar à extinção destas últimas. As plantas invasoras não têm predadores naturais e não fazem parte da dieta alimentar de insectos e outros animais, os quais acabam por morrer por falta de comida. Podem também alterar as condições de nidificação das aves, pondo em risco a sua sobrevivência. E plantas que, como a salgueirinha, crescem à beira de cursos de água, podem promover o seu assoreamento e diminuir a qualidade da água.


O estudo de Harvard baseia-se na comparação de relatos escritos (Incluindo os registos diários de Henry David Thoreau) relativos a uma zona conhecida como a floresta de Thoreau. Estes documentos compreendem um período de 150 anos durante o qual a temperatura média na região subiu 2,4 ºC. A subida de temperatura promove a chegada antecipada da Primavera e forçou as plantas a antecipar a época de floração em até três semanas.

Na floresta de Thoreau as plantas que, como a salgueirinha, se adaptam melhor à subida de temperatura, conseguem florescer mais cedo, sendo mais bem sucedidas, que as espécies nativas, na competição por insectos polinizadores como a borboleta monarca da fotografia.

As plantas invasoras apresentam ainda outras características fenológicas semelhantes entre si a nível da floração, do crescimento da folha e da germinação. No futuro, e de acordo com o estudo de Harvard, estas características permitirão às plantas invasoras dominar a floresta de Thoreau. Das espécies registadas por Thoreau nesta zona entre 1851 e 1858, perto de 27% estão actualmente extintas e que 36% estão à beira da extinção.

Créditos fotográficos: (2ª foto) John Egbert; (3ª foto) Abraham Miller-Rushing.

O artigo original sobre as plantas invasoras na floresta de Thoreau encontra-se aqui.

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