quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Permafrost não permanente

Os investigadores Serge Payette e Simon Thibault da Universidade de Laval (no Quebec, Canadá) realizaram um estudo para determinar a localização da fronteira de permafrost em James Bay (Baia de James), Canadá. Este estudo, que implicou a comparação de imagens aéreas tiradas em 1957, 2004 e 2005 a zonas turfeiras desta zona, conclui que a fronteira de permafrost poderá ter recuado 130 Km nos últimos 50 anos.

O permafrost é um solo que se encontra à temperatura de 0º C ou inferior durante pelo menos 2 anos. A superfície do solo permafrost não se encontra gelada todo o ano, mas alguns centímetros abaixo da superfície (a distância depende do tipo de solo e sua localização) está permanentemente gelado. A espessura do solo permafrost depende das condições climáticas, e ainda das características da terra e da vegetação. Pensa-se que entre 20% a 25 % do solo do planeta Terra é permafrost.

A figura seguinte (de 1998) apresenta um mapa do hemisfério norte, indicando as regiões de permafrost. As zonas a roxo mais escuro corresponde a regiões de permafrost contínuo. As zonas a mais roxo claro corresponde a regiões de permafrost esporádico.


Payette e Thibault utilizaram fotos aéreas da região de James Bay para determinar a localização da fronteira de permafrost. Como referência utilizaram pequenos montes de terra conhecidos como palsas, apenas se podem formar em zonas turfeiras situadas em solo permafrost.



As palsas apresentam uma flora característica, que as tornam facilmente reconhecíveis em fotos aéreas: líquenes, arbustos e black spruce (Picea mariana ou estruce negro, uma espécie de abeto nativo do Canadá e região norte dos EUA – ver foto).

Um conjunto de fotografias aéreas tiradas em 1957 revelam a existência de palsas em sete zonas turfeiras de James Bay. Fotografias aéreas das mesmas sete zonas turfeiras tiradas em 2004 revelam a existência de palsas em apenas duas delas.

Em 2005 foi feito um novo conjunto de fotografias aéreas das zonas turfeiras. Quando comparadas com as fotografias de 2004 verificou-se um decréscimo de superior a 85% do número de palsas existentes nas duas zonas turfeiras (os decréscimos foram de 86% e 90%). Estes resultados confirmam a regressão da linha de fronteira de permafrost.

Payette e Thibault desconfiam que a regressão da linha de fronteira de permafrost se deva às alterações climáticas. Segundo Payette a temperatura média anual região em estudo subiu 2 ºC. Mas são necessários mais dados para confirmar os receios destes investigadores. O estudo foi publicado na última edição da revista Permafrost and Periglacial Processes.

Créditos Fotográficos: (1) International Permafrost Association (1998); (2) Dentren, wikipedia; (3) Michael F. in UCB Botanical Garden.

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