domingo, 14 de fevereiro de 2010

Cada viagem tem o seu estilo de asa.


As borboletas monarca (Danaus plexippus), originárias do continente americano, são especialmente famosas por efectuarem aquela que é, até hoje, a maior migração conhecida realizada por um insecto. Num ciclo que pode envolver até quatro gerações de borboletas, estas dirigem-se do norte dos EUA e do Canadá até ao México, percorrendo uma distância de até 8000 km. As suas descendentes realizam mais tarde o retorno, completando o ciclo.

A migração das borboletas monarca para terras mais quentes inicia-se com a chegada do Inverno. O retorno para as zonas do norte dos EUA e para o Canadá é feito pelas suas descendentes no início da Primavera. Cada uma destas viagem pode demorar até 3 meses e é feita por milhões de borboletas (ver fotos).


Foram realizados vários estudos que comprovam que as espécies de borboletas apresentam asas com tamanho e forma diferentes, conforme são migradoras ou não. Tal como acontece com as aves, borboletas de espécies migrantes, têm, em geral, asas maiores e mais longas do que borboletas de espécies não migrantes.

Os investigadores Sonia Altizer e Andrew Davis, da Universidade de Geórgia, Estados Unidos da América (EUA) realizaram um estudo com borboletas monarca, tirando partido de um facto especial, diferentes populações desta espécie percorrem distâncias muito variáveis. Algumas populações passam o Inverno no nordeste dos EUA, enquanto que outras se estabelecem a noroeste. Algumas populações passam a Primavera nos estados de Flórida e Califórnia. E algumas populações não migram de todo, passando ano após ano em regiões quentes na Flórida do Sul, no Havaí, na Costa Rica, e em Porto Rico.

Altizer e Davis realizaram um estudo de análise do tamanho e da forma das asas de populações de borboletas monarca com diferentes trajectos de migração, incluindo as não migrantes. O estudo foi feito com borboletas selvagens e borboletas criadas em cativeiro e envolveu a análise cuidada de fotografias, utilizando técnicas de imagem digital, para calcular parâmetros como o tamanho corporal e das asas e classificar a forma das asas (ver foto – as borboletas mais pequenas são exemplares da população de Porto Rico). Os resultados deste estudo já se encontram publicados online na revista Evolution (ver aqui).


O estudo conclui que as asas das borboletas monarcas migratórias são, em média, 14% maiores do que as asas de monarcas não-migratórias. Na verdade as asas das borboletas que migram do leste da América do Norte são 20% maiores e mais alongadas do que as das borboletas de Porto Rico (que têm uma forma mais redonda). Outra conclusão do estudo prende-se com o tamanho do corpo. As borboletas da costa leste têm um corpo cerca de 8% maior que as borboletas da costa oeste.

Borboletas monarca de uma mesma população, selvagens ou criadas em cativeiro, apresentam resultados muito semelhantes entre si. Este facto demostra que, tanto a diferença no tamanho do corpo, como a diferença no tamanho e forma das asas de borboletas de populações diferentes, têm uma base genética (ou seja são herdadas), não sendo uma resposta directa das borboletas a factores ambientais.


Créditos fotográficos: (1) Pat Davis; (2) Lincon Brower; (3) Andy Davis; (4) veryveryfun.

Notas:
1. O artigo com as conclusões do estudo referido no poste não tem acesso grátis;
2. Este filme apresenta informação variada sobre a vida da borboleta monarca, incluindo o ciclo de migração;
3. Este site apresenta fotografias com montes e montes de borboletas monarca!

Sites consultados para a elaboração deste post:
http://news.bbc.co.uk/earth/hi/earth_news/newsid_8481000/8481380.stm
http://veryveryfun.com/index.php?option=com_content&task=view&id=25
http://www3.interscience.wiley.com/journal/123237080/abstract
http://www.nhm.ac.uk/about-us/news/2007/june/news_11893.html
http://www.sciencedaily.com/releases/2010/02/100211100800.htm
http://www.sciencedaily.com/releases/2008/01/080108083008.htm
http://www.warnell.uga.edu/news/index.php/2010/02/study-finds-long-distance-migration-shapes-butterfly-wings/

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